A primeira descrição desse quadro clínico data de 1902, quando um médico inglês , G.
Still, descreveu um conjunto de alterações de comportamento em crianças as quais segundo ele não podiam ser explicadas por falhas ambientais, mas resultam de algum processo biológico desconhecido até então.
Recebeu diversas denominações, ao longo do tempo: Lesão Cerebral Mínima, Disfunção Cerebral Mínima , Síndrome de Criança
Hiperativa, Distúrbio Primário de Atenção e Distúrbio do
Déficit de Atenção com ou sem
Hiperatividade (
DDA/H).
Os estudos sobre
TDAH (Transtornos do
Déficit de atenção e
Hiperatividade), na sua maioria, referem-se a crianças. Os critérios diagnósticos do
DSM-IV (1994), apontam para características mais facilmente observáveis em crianças que em adultos e, por essa razão, ao ser feita uma avaliação visando o diagnóstico, o adulto acaba não preenchendo esses critérios.
Até recentemente, acreditava-se que os sintomas de
TDAH desapareceriam espontaneamente na adolescência. Mais recentemente, Paul
Wender e outros autores (1995) descreveram casos com adultos, e o pensamento
atual é que o
TDAH persiste na idade adulta, embora o quadro clínico, com
freqüência, sofra algumas modificações. Com o passar do tempo, os sinais de
hiperatividade tendem a diminuir, algumas características de
impulsividade podem persistir e os traços de desatenção são os que mais tendem a perdurar. Paralelamente e essa mudança na apresentação do quadro, com o tempo, outros transtornos costumam se associar ao problema básico, muitas vezes sobrepondo-se ao mesmo.
As principais características estão portanto relacionadas aos aspectos da motricidade, do comportamento, do nível de atenção, dos problemas de aprendizagem decorrentes, da
impulsividade e da
afetividade:
1-ASPECTOS DO COMPORTAMENTO E DA MOTRICIDADE:
Movimento corporal constante, corre
agitadamente de um lado para o outro, sobe nos móveis, altera a disposição dos
objetos no espaço, tem muita dificuldade de estar quieto num lugar, tem dificuldades no sono, instabilidades
posturais, coordenação motora pobre, incapacidade de
descontração muscular;
ainda acrescentando alguns traços opostos, em vez de tensão interna, um ‘vazio interno, uma espécie de desvanecimento da vivência corporal, com
hipotonia, onde não parece haver fronteiras para o corpo: esbarram constantemente nos
objetos, nas pessoas ou chocam-se com as interdições que lhes são dirigidas, buscando um limite que dê consistência para o seu corpo.
2- ASPECTOS DA ATENÇÃO:
Dificuldades na manutenção da atenção dirigida a um foco, portanto dificilmente termina o que é iniciado, ou nem consegue iniciar nenhuma tarefa;
estado de alerta constante, com atenção difusa;
parece não escutar o que se diz;
esquece as informações, compromissos, datas tarefas,etc...
costumam perder ou não lembrar onde colocaram os
objetos;
tem dificuldades para seguir regras, normas e instruções que lhes são dadas;
tem aversão a tarefas que requerem muita concentração e atenção, como lições de casa e tarefas escolares.
3- ASPECTOS DA
IMPULSIVIDADE:
Parece não ter limites no seu agir (parece não pensar);
Birras intensas, diante de situações de frustrações, dando a impressão que não pode inibir os seus impulsos, irritabilidade, agressividade;
Apresenta um limiar mínimo de tolerância a frustração.
4- ASPECTOS DA APRENDIZAGEM:
Dificuldades na escrita;
dificuldades de coordenação;
dificuldades no adormecer e no despertar (ambos tardios);
hiper sensibilidade a ruídos e ao
tato;
dificuldades de orientação espacial;
deficiência na avaliação do tempo.
TRATAMENTO
Na atualidade, o diagnóstico é eminentemente clínico, baseado nos dados colhidos, numa anamnese minuciosa, pela observação clínica do paciente, pelo exame neuropediátrico e pelas avaliações e testagem das áreas comprometidas. O tratamento medicamentoso deve ser sempre coadjuvante devendo ser utilizado com parcimônia.
CONCLUSÃO
A desatenção nas crianças hiperativas é responsável pela sua dificuldade básica em acompanhar o ritmo de uma aprendizagem formal. Essas crianças possuem uma variação normal de aptidões intelectuais, podendo-se considerar que a grande maioria está dentro dos limites médios, algumas brilhantes atingindo níveis superiores e outras ficam abaixo da média de aptidões intelectuais.
O produto de uma avaliação a ser observado requer de qualquer criança não só a capacidade de exibir suas aptidões que estão sendo avaliadas, mas principalmente a capacidade de ouvir e seguir instruções prestar atenção e persistir até que a prova seja completada. Ela deve também ser capaz de parar para pensar qual seria a melhor resposta possível. As crianças hiperativas são fracas nessas áreas de aptidões e, portanto, as notas obtidas nas provas de inteligência acabam refletindo mais sua hiperatividade do que seu potencial intelectual.
Todo instrumento de avaliação a ser utilizado ou aplicado para essas crianças deverá conter explicações claras e objetivas. O tempo previsto para realização dessas avaliações, deverá ser quantificado de forma diferente das exigências comuns nos testes em geral.